sábado, 27 de novembro de 2010

SOBRENOMES MATRICIAIS DE LAVRAS E NEPOMUCENO

João Amílcar Salgado

AS FAMÍLIAS COSTA, PÁDUA E SALES de Lavras têm origem nos três filhos do luso MANOEL COSTA VALE, que, no Brasil, se casou com MARIA DO ROSÁRIO PEDROSO DE MORAIS, de tradicional tronco bandeirante. São eles: ANTÔNIO DE PÁDUA SILVA LEITE, FRANCISCO JOSÉ COSTA e o capitão MANOEL JOAQUIM COSTA. Do enlace entre descendentes dos dois primeiros surgiram tanto os Pádua como os Sales, sendo que deles descende o educador, filólogo e historiador Firmino Costa, autor dos presentes dados. Demais, dos dois primeiros descende o tenente coronel FRANCISCO ANTÔNIO SALES, que se matrimoniou na renomada família RIBEIRO-DE-OLIVEIRA-PENA de Entre-Rios de Minas, por meio de sua esposa ANA FELIZARDA RIBEIRO DE OLIVEIRA, sendo ambos avós de Francisco Antônio Sales (1873-1933), que foi Prefeito de Belo Horizonte, Governador de Minas Gerais, Senador e Ministro da Fazenda.

O terceiro filho do casal Manoel Costa Vale e Maria Pedroso-de-Morais é o capitão MANOEL JOAQUIM COSTA, que se casou (em segundas núpcias) com MARIA DE SOUZA MONTEIRO. Uma dos nove filhos desse casamento, Maria de Souza Monteiro Costa, se casou na família Lima, por meio de seu esposo José Antonio de Lima, apelidado de Casaquinha. Dos referidos nove filhos, o de maior significado histórico, por seu casamento e sua descendência, é o capitão VICENTE MARTINS FERREIRA DA COSTA (1805-79). Ele também se casou na família Ribeiro-de-Oliveira-Pena de Entre-Rios de Minas, do mesmo modo que seu antes citado primo tenente-coronel Francisco Antônio Sales. Se este se casou com Ana Felizarda, o capitão Vicente se casou com a irmã desta, MARIA RITA RIBEIRO DE OLIVEIRA.

Do casal Vicente e Maria Rita, nasceram 18 filhos, dos quais onze se tornaram adultos. Destes onze, três se casaram na família Lima: Ana Idalina (com José de Lima), Maria da Conceição (com Francisco Lima) e José Augusto (com Mariana Corrêa Lima). Nas gerações seguintes, a maior parte dos descendentes se matrimoniou com portadores do sobrenome Lima, em meio a alto grau de consangüinidade. Entre tais descendentes, predominou a tendência em não insistir com os sobrenomes anteriores: VALE, LEITE, PEDROSO, MORAIS, MONTEIRO, BOTELHO, MARTINS, FERREIRA, SILVA E PENA. O sobrenome correto RIBEIRO DE OLIVEIRA COSTA às vezes é substituído por Ribeiro Lima, em virtude da forte presença Lima entre os descendentes. No ramo Ribeiro de Oliveira Costa sobressaem o Governador do Estado da Guanabara, Ministro e Embaixador Francisco Negrão de Lima, bem como os Prefeitos de Belo Horizonte Otacílio Negrão de Lima e João Pimenta da Veiga Filho.

Vale lembrar que o sobrenome Pádua passou de prenome a sobrenome provavelmente como maneira de enfatizar a relação de parentesco da família com os Bulhões Taveira. Este ramo muito se orgulha do parentesco com o extraordinário pregador Santo Antõnio. Ele é cognominado Santo Antônio de Pádua (localidade italiana onde adquiriu imediata devoção, sendo o santo de mais rápida canonização) mas é denominado também Santo Antônio de Lisboa (cidade onde nasceu). Assim, é fácil compreender que Santo Antõnio fosse homenageado por meio do nome de um dos três filhos do casal Manoel Costa / Maria Pedroso. Já o nome Sales resultou da homenagem, por meio do nome de um dos netos deste mesmo casal, feita não a um, mas a dois santos ao mesmo tempo: Santo Antônio e São Francisco de Sales, sendo este de devoção entre os que aspiravam à reconversão de protestantes ao catolicismo.

Também não se pode esquecer que, ao lado daquele ramo Lima que se ligou predominantemente à família Ribeiro de Oliveira Costa, a família Lima já era importante no povoado de Nepomuceno, inclusive em ligação com os Garcia, os Figueiredo e os Vilela. Daí resultaram os dois únicos barões do império nascidos em Nepomuceno: Gabriel Garcia de Figueiredo – Barão de Monte-Santo, nascido em 1816, e José Caetano de Lima – Barão de Mogi-Guaçu, nascido em 1821 e primo do primeiro – ambos migrados de Nepomuceno para a região das atuais cidades de Mococa e Casa Branca, no Estado de São Paulo.

Em Nepomuceno, sobrenomes ligados ao tronco Costa-Pádua-Sales-Ribeiro de Oliveira são: Ribeiro, Sales, Lima, Lima Pádua, Lima Costa, Lima Rabelo, Ribeiro Lima, Corrêa Lima, Cambraia Lima, Oliveira Lima, Garcia Lima, Veiga Lima, Barbosa Lima, Vilela Lima, Lima Salgado, Cardoso Vilela, Vilela Teixeira, Vilela Salgado, Teófilo Salgado, Salgado Lourençoni, Salgado Andrade, Augusto Lourenção, Flávio Pimenta e Veiga Sales.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

COM HADDAD E TEMPORÃO, DILMA NÃO PRECISA DE INIMIGOS

EM NOVEMBRO DE 2009 PUBLICAMOS O TEXTO A SEGUIR E, AGORA, UM ANO APÓS, EM OUTRO EXAME DO ENEM, A COISA SE REPETE!. QUERO RESSALTAR QUE NÃO VOTEI CONTRA A DILMA. MINHA QUESTÃO SÃO A EDUCAÇÃO E A SAÚDE, EXATAMENTE AS DUAS ÁREAS EM QUE SOU ESPECIALISTA. COM ESSES DOIS MINISTROS, A DILMA NÃO PRECISA DE INIMIGOS! NINGUÉM PERCEBE?

EM MEIO A MEGA-DESASTRES, NAVEGA NOSSA NAU DOS INSENSATOS, COM A SAÚDE E A EDUCAÇÃO A BORDO

Quanto mais bem sucedido vem sendo o atual governo na melhoria da distribuição de renda no país, mais escandaloso é seu fracasso em saúde e educação. Em meio a mega-desastres aéreos e à violência crescente, ninguém está dedicando atenção a nosso risco como passageiros desta verdadeira nau dos insensatos,capitaneada pelos ministros da saúde e da educação.

É ledo engano pensar que uma boa notícia, como o anúncio do pré-sal ou o reconhecimento do BRIC, seja capaz de compensar a derrocada na saúde e na educação. Tais boas-novas desviam a atenção, anestesia dores menores, produz refresco breve – mas as duas feridas largas e profundas, da saúde e da educação, prosseguem subsistentes. Já as más notícias, principalmente a péssima notícia, como de três mega-desastres aéreos recentes ou da violência endemo-pandêmica, podem aprofundar a anestesia, mas seu efeito é igualmente temporário.

E os próprios respectivos setores governamentais se encarregam de reacender, rápido, o ferro-em-brasa da débâcle na educação e na saúde. Isso acontece quando, de modo trapalhão, tentam melhorar as coisas, mas acabam piorando tudo e fazendo tudo ficar irreversível. Por exemplo, no hemisfério norte, tenta-se responder ao craque imobiliário com duras medidas não só contra a farra de contas em paraísos fiscais, de lucros, de salários e despreads, mas também contra a cultura da irresponsabilidade ou contra os dispositivos controladores cevados na promiscuidade explícita com os controlados. Enquanto isso, aqui tudo prossegue como-dantes-no-quartel-de-abrantes – com farra análoga, só que maior, com a mesma cultura, só que ao jeitinho brasileiro, e com igual promiscuidade, só que muito mais cínica.

Na educação, acabam de transformar o ENEM (herança maldita do fiasco do provão) num arremedo de “exame vestibular nacional”, no qual qualquer cultor do óbvio é capaz de reconhecer autêntico vôo-cego de aprendizes-de-feiticeiro. Este pseudo-vestibular nacional, chega para ser um requinte a mais na desbragada mercantilização do ensino superior. Nesta se inclui a imensa insensatez da explosão de faculdades picaretas de medicina, e, para maior horror, o vergonhoso colapso do ensino público pré-universitário, estando as nossas antigas escolas primárias à mercê de gangues de pivetes e de livros didáticos alegremente obscenos. Intrínseco a isso, no ensino superior público, o mencionado neo-liberalismo farrista causou e causa o sucateamento físico, docente e moral das universidades - sendo este último só agora noticiado, com vários reitores deslocados, na mídia, das páginas de ciência para as páginas policiais. E, para coroar o descalabro, assistimos atônitos à avassaladora aventura do ensino-à-distância, com todo seu claríssimo potencial de fraude e corrupção. Tanto este como o ENEM e o ENADE estão sendo empurrados goela-abaixo das universidades públicas, a poder de coação e até de chantagem.

Na saúde, somos obrigados a assistir deprimente competição diária por estacionamento, quando as ambulâncias municipais, recém-chegadas de cada cidade do Estado, disputam espaço para descarregar casos não-resolvidos no Hospital das Clínicas. Na outra ponta, nos postos de saúde metropolitanos, prossegue, a cada minuto, o confrangedor desfile de dor, pranto, morte e tumulto nas filas de atendimento. Ao mesmo tempo, os “planos de saúde”, que não são planos e nem são de saúde, faturam milhões e milhões. E não constituem nenhuma assistência suplementar ao SUS, mas sim dispositivos de fato complementares, que estão aderidos ao SUS num abraço letal. Os assessores ministeriais, arrasados por tanta incompetência, paradoxalmente se animam diante das últimas ameaças de epidemia ou se assanham no afã de uma campanha contra isso ou aquilo - na esperança de poder parecer que, pelo menos nesta ou naquela questão conjuntural, se estão saindo bem ou menos mal (mas estão muito mal nos escândalos cumulativos do tamiflu restrito a grupo de risco, do atraso da vacina antigripal e do diagnóstico específico da gripe suína limitado a três centros). Ou então anunciam, como se fosse grande achado inovador, a proibição da auto-medicação com elixir paregórico, com formol ou com antibióticos ou ainda do banho ultravioleta, escondendo do público que qualquer restrição à cobiça infinita da industria de saúde é feita de comum acordo com ela própria, sob a alegação neoliberal de procurar não ofender o mercado.

E, para fechar com chave-de-ouro esse tour maldito de insensatezes, se aferram, com cega obstinação, àquilo que considero a maior cara-de-pau da histórica da medicina. É quando fazem o alerta solene de que, caso algo dê errado, caso o problema persista, que o cidadão procure um médico. De preferência um médico despreparado, formado numa faculdade picareta, que eles próprios acabaram de autorizar

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E O MINISTRO NÃO RENUNCIOU!

O principal do texto acima saiu em meu blogue (jamilcarsalgado.blogspot.com) em 22 de junho de 2009. Diante do que está dito aí, os amigos perguntaram: se isso é fato, será que vai estourar algum escândalo produzido por tanta insensatez? E não é que, no dia 1º de outubro de 2009, a imprensa denuncia a fraude do ENEM, levando à suspensão do pretenso vestibular? A partir daí recebi muitos cumprimentos (sem qualquer alegria minha) pela profecia de junho. Mas o maior escândalo não é a fraude. O maior escândalo é que o MINISTRO NÃO RENUNCIOU. E continua a se exibir na mídia como se a coisa nada tenha a ver com ele! E NINGUÉM ESTÁ EXIGINDO A SUA RENUNCIA!