João Amílcar Salgado
A família Abreu Salgado é um dos ramos da família Ferreira de Brito de Três Pontas e também da união desta com ramos da família bandeirante dos Bueno, da família Magalhães do Sul de Minas e da família Arantes / Faria Bello de Formiga. A família Ferreira de Brito surgiu com a chegada de Bento Ferreira de Brito a Três Pontas. Havia ali uma capela consagrada a Nossa Senhora da Ajuda, desde 1768. Bento Ferreira doou à capela o terreno em torno da mesma, no qual surgiu a cidade de Três Pontas, sendo por isso considerado o fundador da cidade. Ele nasceu em Portugal, em 21 de março de 1744 (mesmo dia e mês do autor deste texto, seu descendente), na localidade de Ribeira, freguesia de São João de Brito, filho de Francisco Vieira da Silva e de Catarina Luiz. Casou-se em Minas Gerais, na cidade de Carrancas em 06/08/1766, com a mineira Ignácia Gonçalves de Araújo. Ignácia era filha do português Ignácio de Araújo, natural da freguesia de Santa Maria do Araújo, e da paulista Juliana Vieira de Afonseca, natural de Taubaté, por sua vez, filha de José Vieira da Cunha e de Catarina Portes. É provável que Ignácia Gonçalves, batizada em 17/08/1746 na igreja de Nossa Senhora do Pilar em São João del Rei, seja, por meio de sua mãe Catarina Portes, consangüínea do Tomé Portes, fundador de São João del Rei.
Bento Ferreira de Brito e Ignácia Araújo de Brito tiveram cinco filhos e cinco filhas: Marta Umbelina (Costa Rodrigues), Manoel, padre Joaquim Vieira (que teve filhos), José, Bento, Francisco, Beatriz (Silva Mendes), Ana Luiza (Vinhas de Castro), Catarina (Souza Diniz), Josefa (Mesquita) e Luiza Cândida de Brito, esta casada com o português Domingos de Abreu Salgado. Com os sobrenomes dos genros de Bento Ferreira de Brito (Costa Rodrigues, Silva Mendes, Vinhas de Castro, Souza Diniz, Mesquita e Abreu Salgado ficam constituídos os troncos das famílias matriciais de Três Pontas. A estas devem ser agregados os sobrenomes do fundador - Vieira, Ferreira e Brito - e da esposa - Araújo e Vieira - bem como das noras: Nascimento, Silveira, Castro e Adelindes.
Domingos de Abreu Salgado era português de origem galega (como os Salgado em geral), aqui se tornou capitão e foi nomeado um dos seis vereadores da primeira câmara da Vila de Lavras, em 1832. De seu casamento com a filha de Bento Ferreira de Brito, Luiza Cândida, nasceram seis filhos: Valentim, Francisco, Maria Cândida, José Maximiano, Claudina Constância e Estevão de Abreu Salgado. Valentim de Abreu Salgado casou-se com uma descendente das 3 Ilhoas, Maria Bárbara de São José (Ilha do Faial), enquanto Maria Cândida se casou com Antônio Tomás de Aquino.
Já o coronel Estevão de Abreu Salgado, que viveu em Três Pontas (1820-93) e foi fazendeiro nas Águas Verdes (entre Campos Gerais, então pertencente a Três Pontas, e Dores da Boa Esperança), casou-se duas vezes, a primeira com Alexandrina Cândida de Mesquita. Interessante é que um dos filhos do casal, Alexandrino (Domingos Alexandrino), era casado com Alexandrina (de Azevedo). O segundo filho de Estevão chamou-se Zeferino Mesquita, do qual não há dados.
Viúvo, Estevão casou-se em segundas núpcias com Sabina Magdalena de Faria Bello, neta de João de Arantes Marques, o iniciador da família Arantes. O patriarca João de Arantes, nascido em Vieira, arcebispado de Braga, em 1724, veio de Portugal para Formiga e se casou com Margarida Faria de Magalhães, filha do patriarca da família Magalhães do Sul de Minas, o português João de Faria Magalhães, natural de Vila do Porto, bispado de Leiria. O casal João Arantes e Margarida Faria de Magalhães teve quatro filhos, um dos quais Maria Madalena do Sacramento Arantes, que se casou com o açoriano (Ilha do Pico) capitão Manoel Antônio de Faria, patriarca da família Faria Bello, vindo a ter sete filhos, um dos quais Sabina Madalena de Faria Bello, segunda esposa de Estevão de Abreu Salgado.
Dentre os Arantes com alguma fama, três parecem necessitar citação: o duque de Caxias, Arantes por linha materna, que honra a todos; o contraditório e polêmico Edson Arantes do Nascimento, o Pelé; e Joaquim Silvério dos Reis, que, mesmo contra-parente, ocupa posição incômoda nesta linhagem.
O casal Estevão e Sabina de Abreu Salgado teve os seguintes dez filhos e respectivos consortes: 1) Modesto de Abreu Salgado, com Ezilda de Magalhães Chaves; 2) Augusta Belmira de Abreu, com Antônio Ferreira de Brito Júnior; 3) Luiza Bello de Abreu, com Olímpio Vilela; 4) Sabina Bello de Abreu (Sabininha), com João Pinto de Abreu Vilela; 5) Cristina Maria de Abreu, com o Antônio Luiz de Azevedo Araújo; 6) Maria Madalena de Abreu, com o mesmo Antônio Luiz de Azevedo Araújo (segundas núpcias deste); 7) Ana Inácia de Salgado Abreu, com Silvestre José Ferreira de Mesquita; Teodolina de Abreu Salgado, com Domingos José Ferreira de Brito; João Ferreira de Abreu Salgado, com Balbina Guilhermina do Espírito Santo Magalhães; e Constância de Abreu Salgado, solteira.
O casal João Ferreira e Balbina de Abreu Salgado teve cinco filhos: Delmira (Lica), Maria (Mariquinhas), Ana (Sinhaninha), Luiz e João. João Ferreira de Abreu Salgado era coletor e se tornou ativista do movimento antimonarquista, juntamente com dois parentes, o médico Josino de Paula Brito e o padre José Maria Rabelo. Sua militância política não permitiu que cuidasse satisfatoriamente dos filhos, o que se agravou com o falecimento da esposa. Assim, seu filho João de Abreu Salgado, por ter ficado órfão da mãe Balbina muito jovem, foi criado pela irmã mais velha, Delmira, esposa de Aprígio Mesquita. Foi também amparado pelo parente e padrinho Barão de Boa Esperança, tenente-coronel Antônio Ferreira de Brito, que, ao contrário do pai republicano, muito o influenciou na admiração a Pedro II e à princesa Isabel.
João de Abreu Salgado casou-se com Emerenciana Ferreira de Castro (sua consangüínea pelo lado Ferreira), sendo filha de João Ferreira de Castro e de Amélia da Silva Campos. Emerenciana, apelidada de Chanica, tem ascendência ligada diretamente à linhagem de Amador Bueno, por meio do ramo Bueno de Lavras. Seu pai João Ferreira de Castro se casou duas vezes, teve quatro filhas com Amélia Campos: Zulmira, Amélia, Caca e Emerenciana, e dez filhos com a segunda esposa: Antonieta, Marieta, Rita, Maricas, Julieta, Francisco, Antônio, João, José e Benjamim.
O casal João de Abreu e Emerenciana teve dez filhos, sendo que duas meninas, as primeiras, faleceram bebês (Amélia e Balbina). Sobreviveram: João, Maria, Iracema, Moacir, Elisabete, Rute, Osvaldo e Aprígio. Elisabete (Bebete), Rute e Osvaldo (Tito) permaneceram solteiros. João de Abreu Salgado Filho (Joãozinho) casou-se com Evangelina Vilela Salgado (Vange) e tiveram os filhos Emerenciana (falecida ainda bebê), Maria Aparecida, João Amílcar, José Aníbal, Neusa Vilela e Antônio Lívio. Maria de Abreu Salgado (Cotinha) casou-se com Antônio Corrêa Figueiredo e tiveram a filha Maria José Figueiredo. Iracema Abreu Salgado casou-se com Luiz Lourençoni e não tiveram filhos, sendo pais adotivos de Maria Aparecida, José Lucas e Maria de Lourdes. Moacir de Abreu Salgado casou-se com Odete Barbosa Lima e tiveram os filhos Ana Maria, João Aluízio, Maria Stela e Lourdes de Fátima. Aprígio de Abreu Salgado casou-se com Maria Gabriela Prata e tiveram os filhos João Euclides, Aprígio Filho e Olga Elisabete.