quarta-feira, 24 de setembro de 2008

NEPOMUCENENSES NOBRES DO IMPÉRIO
João Amílcar Salgado
Nepomuceno conta com dois de seus filhos entre os nobres do Império. Isso interessa àqueles nepomucenenses que gostariam de saber se tem algum parente fidalgo. Não há nada de ridículo nisso, pelo contrário. Os estudos nessa área podem produzir conhecimento histórico de interesse geral que ultrapassa a vaidade das famílias. Ainda não foi feito estudo completo de como a Ordem de Cristo operou para a escolha dos agraciados por critérios de mérito real, especialmente aquilo que hoje se chama empreendedorismo.
No presente caso há a relação com parte das tropas brasileiras que participaram da Retirada da Laguna. Quando antes se dirigiam ao teatro da guerra do Paraguai, acamparam exatamente nas terras da família do futuro Barão de Monte Santo, na cidade paulista de Mococa. E quem descreve tal passagem é nada menos que o Visconde de Taunay. Vale lembrar que em meio a essa tropa havia outro importante nepomucenense que deixou ilustre família: o capitão Menezes.
Em meu livro O RISO DOURADO DA VILA, de 2003, falo dos dois nobres nepomucenenses, o Barão de Monte Santo e o Barão de Mogi-Guaçu, nos trechos reproduzidos a seguir.
“ Precioso é o mapa de nossa população, levantado no ano da abdicação de Pedro I, nove depois de proclamada a independência do Brasil. Nele está oficializado o nome da futura cidade de Nepomuceno como DISTRITO da CAPELA DE SÃO JOÃO NEPOMUCENO da FREGUESIA DE SANTANA DE LAVRAS da VILA DE SÃO JOÃO DEL REI da COMARCA DOS RIO DAS MORTES, datado de 16 de dezembro de 1831 e assinado pelo juiz João Antônio Gomes. Revela que o distrito contava com 172 casas (fogos) e 2605 moradores, sendo 1362 livres e 1243 cativos.” ... “A partir de 1820, Garcias e Limas, sem abandonar o lugar, foram colonizar o noroeste paulista e o Triângulo, chegando ao antigo Mato Grosso, onde o Sertão dos Garcias ficou conhecido. Esta diáspora nos rendeu dividendos nobiliárquicos em São Paulo, ou seja, os dois únicos barões do império nascidos na Vila são o Barão de Monte-Santo, Gabriel Garcia de Figueiredo, e o Barão de Mogi-Guaçu, José Caetano de Lima. O primeiro aparece no citado censo com 14 anos, filho de Diogo Garcia da Cruz, e o segundo com 10 anos, filho de João Caetano de Lima.” ... “ Em seu livro O Capitão Diogo Garcia da Cruz, Ricardo Daunt diz que o Visconde de Taunay, em Marcha das Forças, referente à guerra do Paraguai, descreve sua parada a 3/7/1865, na fazenda Alegria em Mococa. Ali topa com seu proprietário, o nepomucenense Diogo Garcia de Figueiredo, que, no mapa de 1831, consta com a idade de dez anos.”
A fazenda Alegria passou a integrar a cidade de Casa Branca, sendo Mococa sua ex-freguesia de São João Batista.. Para a região vieram também os Vilas Boas, Carvalhos e Vilelas, todos primos dos Garcias, Figueiredos e Limas. A principal praça de Casa Branca chama-se praça Barão de Mogi-Guaçu, onde se localiza o Casarão dos Vilela, atração turística. Esse casarão foi edificado na fazenda Santana e foi “transportado” para a praça em 1890, na época do boom da ferrovia Mogiana. Na mesma cidade, na praça Honório Sillos, está o Marco da Retirada da Laguna, referente ao histórico acampamento militar.
O nepomucenense Barão de Monte Santo, Gabriel Garcia De Figueiredo
Gabriel Garcia de Figueiredo, terceiro Barão de Monte Santo, nasceu em Nepomuceno, MG, em 14-01-1816, e faleceu em Mococa, SP, em 18-11-1895. Foi um político, banqueiro, agricultor e pecuarista brasileiro. Recebeu o título de terceiro Barão de Monte Santo. O título, embora referente à cidade mineira de Monte Santo, não tem com esta relação direta, como era usual nos títulos do império. O Imperador Pedro II, em 19-12-1885, outorgou a Gabriel Garcia de Figueiredo o título de Barão de Monte Santo por seus inúmeros serviços prestados à Nação. O outorgado pertencia também à Ordem de Cristo e era Tenente-Coronel da Guarda Nacional
Gabriel foi proprietário de diversas fazendas na atual microrregião de São João da Boa Vista, abrangendo os municípios de Casa Branca, Mococa, Cajuru, Altinópolis, Batatais, São Tomás de Aquino e São Sebastião do Paraíso. Suas principais propriedades rurais em Casa Branca foram denominadas Borda da Mata (nas terras da grande fazenda Alegria), Grama, Monte Santo e Jardim, tendo sido um dos maiores exportadores de café, da Província de São Paulo (a fazenda Alegria, como antes dito, hospedou as forças brasileiras rumo à Guerra do Paraguai). Foi um dos fundadores do Banco Regional de Mococa. Sucedeu seu cunhado, Capitão José Gomes de Lima, como chefe do Partido Conservador, de 1866 até a proclamação da República. Foi vereador à Câmara Municipal de Casa Branca, nas gestões de 1852 a 1856 e de 1860 a 1864, como representante da então Freguesia de São Sebastião da Boa Vista, hoje cidade de Mococa, da qual é um dos fundadores. Desta cidade foi grande benemérito, juiz de paz e, em 1873, primeiro presidente da Câmara Municipal. Ali, em 1879, custeou sozinho um edifício para a instrução pública, doando-o, em 1885, ao governo provincial. Auxiliou o padre Bento Monteiro do Amaral na construção da igreja matriz de S. Sebastião de Mococa. A seu pedido “ante-mortem”, sua filha Carolina Emília de Figueiredo, doou a esta mesma cidade o hospital “Carolina de Figueiredo”.
Gabriel Garcia de Figueiredo casou-se em 30-11-1839 na ermida do Jaborandi, em Altinópolis, com sua sobrinha Maria Carolina de Figueiredo (1828-91, falecida em Mococa), filha de seu irmão Joaquim Garcia de Figueiredo e de Jacinta Carolina dos Reis. Gabriel e Carolina tiveram sete filhos: Maria Cândida, Ana Jacinta, Iria Leopoldina, Carolina Emília, Mariana Leopoldina, José Gabriel e Maria Pia. Maria Pia casou-se com Rogério Daunt, sendo pais de Ricardo Gumblenton Daunt, autor do citado livro (hoje um clássico) sobre Diogo Garcia da Cruz. O apelido de outra “nepomucenense”, Ana Jacinta de Figueiredo, irmã do Barão Gabriel, é digno de registro, pois era chamada por todos de “Tia Senhora”. Além de Daunt, são historiadores da família José Guimarães, Luiz Antônio Vilas Boas e Luiz Gustavo de Sillos.
O nepomucenense Gabriel Garcia de Figueiredo, terceiro Barão de Monte Santo, foi o décimo segundo filho do capitão Diogo Garcia da Cruz e de Inocência Constância de Figueiredo; sendo neto paterno de Mateus Luís Garcia, fundador de Nepomuceno, e de Maria Francisca de Jesus; e neto materno do Capitão-Mor José Álvares de Figueiredo, fundador de Boa Esperança, e de Maria Vilela do Espírito Santo, que por sua vez era filha do Capitão Domingos Vilela e de Maria do Espírito Santo Garcia, e, por esta, neta de Diogo Garcia e de Júlia Maria da Caridade (Corrêa), uma das célebres Três Ilhoas.
O nepomucenense Barão de Mogi-Guaçu, José Caetano de Lima
José Caetano de Lima, 1º Barão de Mogi-Guaçu, nasceu em Nepomuceno, MG, em 29-07-1821 e faleceu, aos 82 anos, em Casa Branca, SP, em 22-03-1901. Era filho de João Caetano de Lima, nascido cerca de 1795 e de Cecília Maria Rosa de Jesus. José Caetano de Lima casou-se em 04-08-1838 com Maria Leopoldina de Sillos, e tiveram os filhos Francisco Eugênio de Lima, casado, em 04-08-1838, com Altina Etelvina Nogueira, e Maria do Carmo Sillos Lima, casada, em 16-07-1850, com José Caetano de Castro.
José Caetano de Lima herdou o nome de seu tio-avô que faleceu solteiro. Faleceu de enterite crônica e está sepultado na igreja matriz de Casa Branca. No censo de 1850, realizado em Casa Branca, José Caetano aparece como negociante alfabetizado. Exerceu o cargo vitalício de Partidor dos Juizes e de Órfãos de Casa Branca. Reconstruiu a igreja matriz de Casa Branca depois de um incêndio.
Maria Leopoldina de Sillos, esposa de José Caetano de Lima, era filha do Barão da Casa Branca, tinha 19 anos no referido censo de Casa Branca, de 1850, e prestava assistência na Santa Casa de Misericórdia em São Paulo. Faleceu em 1874. O Barão Vicente Ferreira Sillos, pai de Maria Leopoldina (que recebeu o mesmo nome da imperatriz), recebeu o título de nobreza em 1887. No ano seguinte hospedou Pedro II em Casa Branca, para a inauguração da ferrovia Mogiana, e o hospedou novamente em 1886.
Viúvo aos 55 anos, José Caetano casou-se em segundas núpcias com sua parenta, também viúva, Inocência Constança de Figueiredo, nascida em Franca e que já tinha nove filhos do primeiro casamento com Jerônimo José de Carvalho. Inocência não teve filho com José Caetano e faleceu em Casa Branca.
Eis uma lista de nepomucenenses que tiveram alguma relação com a família de José Caetano de Lima na região de Nepomuceno e na região de Casa Branca:





- ANA LUISA DE AQUINO
- ANA ANTONIA DE SOUZA
- ANA ATONIA DE LIMA
- ANA CONSTANCIA DE JESUS OLIVEIRA
- ANA FRANCISCA DE CASTRO
- ANA JOANA CORALINA
- ANA JOSEFA SILVA LEITE
- ANASTACIO MENDES DOS SANTOS
- ANTONIO CAETANO DE MENDONÇA
- ANTONIO CAETANO VILAS BOAS
- ANTONIO DE PADUA DA SILVA LEITE
- ANTÔNIO JOSÉ CAETANO DE LIMA
- ANTONIO PEREIRA DE CASTRO
- AUGUSTO DE PAULA LIMA
- BÁRBARA GENEROSA DE JESUS LIMA
- CANDIDA BALBINA DE SÃO JOSE VILAS BOAS
- CANDIDA CAROLINA DE OLIVEIRA
- CECILIA MARIA ROSA
- CECÍLIA ROSA DE JESUS
- FRANCISCA CANDIDA DE SÃO JOSÉ DE LIMA CASTRO
- FRANCISCA PEREIRA DE ARAUJO
- FRANCISCA ROMANA VILAS BOAS
- FRANCISCO ANTONIO DE LIMA
- FRANCISCO ANTONIO DE LIMA FILHO
- FRANCISCO JOSÉ DE PAULA LIMA (GÊMEO DE MARIA FILISBINA LIMA)
- JERÔNIMO JOSÉ DE CARVALHO
- JOÃO CAETANO DE LIMA
- JOÃO CAETANO DE LIMA FILHO
- JOÃO ERNESTO COELHO
- JOÃO FERREIRA DE AQUINO
- JOAQUIM CAETANO DE LIMA
- JOAQUIM DA SILVA
- JOSÉ ANTONIO DE LIMA
- JOSÉ ANTONIO DE PADUA
- JOSÉ MARTINIANO DA CUNHA
- JOSÉ MARTINS VILAS BOAS
- JOSÉ QUITA DE LIMA
- JOSÉ VENÂNCIO VILAS BOAS
- LINO GOMES DE LIMA
- LUDOMILA OU LIDOMILA (LUDIMILA?) LIMA
- LUISA FLAUSINA DE SÃO JOSÉ
- MANOEL ANTONIO DE LIMA
- MANOEL CAETANO VILAS BOAS
- MANOEL JOÃO DA COSTA
- MANOEL JOAQUIM DA SILVA
- MANOEL PEREIRA DE CASTRO
- MARIA BALBINA MONTEIRO VILAS BOAS
- MARIA CANDIDA BALBINA DE CASTRO
- MARIA CONSTANCIA DE JESUS
- MARIA LIMA MELO
- MARIA LUISA DE SÃO JOSÉ VILAS BOAS
- MARIA PERCILIANA DE OLIVEIRA
- MARIANA CANDIDA BALBINA DE CASTRO
- MARIANA CANDIDA DE OLIVEIRA
- MARIANA CLEMENTINO DE SOUZA
- MARIANA FILISBINA DE JESUS CAETANO DE LIMA
- MARIANA LEITE DE JESUS
- MARIANA PEREIRA DE CASTRO (MARIANA JANUÁRIA?)
- PADRE ANGELO GONÇALVES D´ASSUMPÇÃO
- PADRE BRAZIL
- PADRE JOÃO TOMÁS DE SOUZA
- PADRE JOSE CUSTODIO DE OLIVEIRA (CUSTODIO JOSÉ)
- PADRE NICOLAU
- PERCILIANA (PRECILIANA) DE SOUZA LIMA
- RAFAEL ANTONIO DE LIMA
- VICENTE FERREIRA DE SILLOS PEREIRA
- VICENTE FERREIRA MARTINS
- VICENTE MARTINS PEREIRA DA COSTA

Um comentário:

Rodarte disse...

Acho que nessa lista aí estão alguns ancestrais meus: Manoel João da Costa, casado com Perciliana da Costa Lima, e Lino Gomes de Lima, casado com Maria Baptista da Costa... São meus fins de linha. Você teria maiores informações sobre eles?